Escola de Pais debate uso de tecnologia na Educação Infantil em encontro mediado por especialistas

24/03/2025 às 09h56

O Colégio Maria Montessori promoveu, no sábado (22), a primeira edição de 2025 da Escola de Pais, com o tema "Crianças On-line e Pais Off-line: como educar na era digital". O evento contou com a participação de pais da Educação Infantil ao 1º ano do Ensino Fundamental e foi mediado pela neuropsicopedagoga Patrícia Araújo e pela psicóloga Maria Josinete Barbosa.

O encontro teve como objetivo proporcionar uma reflexão sobre os desafios e as responsabilidades de educar crianças no contexto da crescente digitalização. Assim, foram discutidos tópicos como as idades recomendadas para o uso das telas, o tempo adequado de exposição, os benefícios e os riscos associados ao uso de dispositivos digitais, além de sugestões de atividades educativas que podem ser realizadas com a tecnologia de forma equilibrada e saudável.

A neuropsicopedagoga Patrícia Araújo destacou que o uso de telas por crianças na primeira infância (0 a 6 anos) tem gerado muitas discussões entre profissionais da área da saúde e da educação. Com o avanço da tecnologia, o uso de tablets, celulares e televisões se tornou parte integrante do cotidiano das famílias, gerando preocupações sobre os impactos no desenvolvimento infantil.

A especialista explicou que, quando usadas de maneira controlada e com conteúdos educativos, as telas podem oferecer benefícios importantes, como o acesso ao conhecimento por meio de aplicativos e vídeos educativos, o estímulo à linguagem, ao raciocínio lógico e à criatividade.

Além disso, a tecnologia pode proporcionar interação social mediada, como videochamadas, que ajudam a manter vínculos familiares, especialmente em casos de distâncias físicas, e também auxilia no desenvolvimento de habilidades digitais, preparando as crianças para o mundo digital.

No entanto, a neuropsicopedagoga alertou sobre os riscos do uso excessivo de telas sem supervisão. Os impactos negativos incluem prejuízos no desenvolvimento social e emocional das crianças, uma vez que a interação face a face é crucial para a aprendizagem de habilidades sociais. O uso prolongado de telas, especialmente antes de dormir, pode afetar a atenção, dificultando a concentração e até mesmo causando insônia. O sedentarismo também é uma preocupação crescente.

"Destacamos que o uso das telas na primeira infância deve ser equilibrado. Elas podem ser ferramentas úteis quando bem administradas, mas não devem substituir experiências fundamentais para o desenvolvimento infantil, como brincar, explorar e interagir com outras pessoas. O papel dos pais e cuidadores é essencial para garantir um uso saudável e educativo da tecnologia", afirmou Patrícia Araújo.

A primeira edição do ano serviu como ponto de reflexão e aprendizado para as famílias. Um dos pais presentes, Igo Ramos, que tem uma filha matriculada na turma do Maternal I, relatou que, devido ao trabalho, faz bastante uso do aparelho celular, o que acabou diminuindo a interação com a pequena.

Ele relatou ainda que, após ter noção do que estava acontecendo, começou a reduzir a utilização das telas e se aproximou mais da filha. "Não sei se alguém passa por isso ou passou por isso o que eu passei. A gente fala aqui dos filhos, mas a gente tem que ser o exemplo. Eu mudei esse meu lado e agora estou colhendo os frutos. E estou muito feliz com o resultado", concluiu.

Diretrizes para o uso de telas

A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) tem se posicionado sobre o tema, estabelecendo algumas diretrizes para o uso de telas por crianças.

De acordo com a entidade, crianças menores de 2 anos não devem ter contato com telas, e para crianças entre 2 e 5 anos, o tempo de uso deve ser limitado a 1 hora por dia, sempre com a supervisão dos pais ou responsáveis.

A orientação é priorizar conteúdos de qualidade e equilibrar o uso da tecnologia com outras atividades essenciais, como brincadeiras ao ar livre, leitura e interação familiar.

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